A descentralização é essencial para a paz em Moçambique

O director do IESE, Salvador Forquilha, afirmou há dias que a descentralização pode contribuir para a paz em Moçambique se ela atacar o problema de construção das instituições políticas a todos os níveis e consequentemente as pessoas se sentirem representadas no espaço político e se identificarem com as instituições políticas. Desta forma elas terão menos motivos para pegar em armas e contestar violentamente o Estado.

Forquilha que falava numa entrevista que concedeu ao Jornal Savana (edição de 17.03.2017, Pág. 14-15) esclareceu a relevância da adopção de um modelo de descentralização que se adequa a realidade moçambicana e que olhe para a diversidade. E alertou que o processo de Estado moçambicano não pode continuar a ser marcado pela negação da diversidade política, económica, social e cultural.

Para o director do IESE é importante que a diversidade seja tomada em conta na construção das instituições de modo a permitir que as pessoas possam rever-se nas mesmas e com elas se identificarem. Desta forma será possível reduzir o potencial de conflito violento e evitar que grupos de moçambicanos não tenha incentivos para recorrer à violência.

Quando questionado sobre o processo e o actual formato das negociações de paz entre a Renamo e o Governo o académico explicou que o assunto sobre a paz deve ser amplamente debatido e as comissões que compõem as mesas de negociações devem desempenhar o seu papel contudo, o seu trabalho deve ser alimentado por um debate mais amplo, que tome em conta a sensibilidade dos vários sectores da sociedade moçambicana. Argumentando que que o fechamento e a não observância de todos os aspectos essências sobre a descentralização e visão da sociedade no processo das negociações de paz podem levar a fraca institucionalização do processo, pois até o momento parece que o processo está mais dependente das pessoas do que das instituições.