Kanimambo, Dr. Mário da Graça Machungo
Faleceu no passado dia 17 de Fevereiro o Dr. Mário da Graça Machungo, intelectual, economista, político e combatente na clandestinidade pela libertação nacional do colonialismo português.
Além da sua rica trajectória oficial, no Partido Frelimo e em sucessivos Governos moçambicanos (desde o governo de transição, em 1974-1975, até 1994), Mário Machungo abraçou causas sociais, especialmente associadas com a promoção da pesquisa social e económica independente, que gerasse alternativas ao neoliberalismo e ao nacionalismo económico oligárquico e corporativista.
Em 2006, Machungo aceitou tornar-se o Presidente da mesa da Assembleia Geral da PROED, a associação de onde nasceu o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE). No processo de formação do IESE, a sua influência e acção foram decisivas para ajudar a ultrapassar inúmeros obstáculos burocráticos e políticos e elevar a credibilidade do Instituto, especialmente nas suas fases iniciais. Machungo presidiu à conferência inaugural do IESE, a 19 de Setembro de 2007. Inúmeras vezes, Machungo disponibilizou-se para ajudar a direcção do IESE a reflectir sobre o progresso e os desafios do desenvolvimento institucional e da pesquisa. Em 2010, Mário Machungo, na sua qualidade de economista, fez a discussão pública do trabalho do IESE sobre economia extractiva e desafios de industrialização em Moçambique, mostrando como esta análise marcava um ponto de viragem na abordagem da economia política de Moçambique e na compreensão dos seus desafios e paradoxos como um todo, não como segmentos isolados. A sua curiosidade, empenho e encorajamento serviram de estímulo para o desenvolvimento da pesquisa independente, heterodoxa e interdisciplinar.
Por tudo isto, só podemos dizer kanimambo, Dr. Mário Machungo, a nossa luta por uma pesquisa social progressista, intelectual e socialmente relevante certamente continua.
À família enlutada, o IESE endereça as mais sentidas condolências e toda a sua solidariedade.