
Trabalho, justiça social e bem-estar no actual padrão de crescimento económico em Moçambique
Este tema foi discutido pela investigadora do IESE, Rosimina Ali, num debate organizado recentemente em Maputo pela Friedrich Ebert Stiftung (FES) Moçambique sobre “Justiça Social”, com enfoque nas questões ‘Como promover trabalho decente e garantir justiça social no contexto da informalidade e precarização? Qual é o futuro do trabalho diante dos modelos actuais de desenvolvimento?”.
A investigadora do IESE elucidou que, no actual padrão de crescimento económico, levantam-se questões sobre a qualidade dos empregos criados, que são dominados por irregularidade do trabalho e dos rendimentos e desenvolvidos em condições sociais inseguras.
Rosimina Ali defendeu que as iniciativas e políticas sobre justiça social devem considerar o modo amplo de organização do trabalho e de vida das pessoas e a diferenciação social pré-existente entre os trabalhadores e suas famílias, no contexto do padrão de crescimento prevalecente. A pesquisadora expôs que é necessário considerar as ligações do trabalho, para além da ‘unidade empresarial ou sector’, dada a heterogeneidade e a multiplicidade dos mercados de trabalho que permitem o sustento dos trabalhadores e suas famílias.
Para Rosimina Ali, se o padrão de crescimento permanecer estruturado nos moldes actuais, por exemplo, especializado em processos primários de produção e mercadorias de fraco processamento para exportação, onde a força de trabalho é responsável pelos custos sociais da sua reprodução, o futuro do trabalho será a reprodução das instabilidades existentes nas condições sociais. Assim, é crucial transformar o actual padrão de crescimento através do desenvolvimento de uma estrutura produtiva mais diversificada, articulada e que possibilite a disponibilização de bens e serviços básicos de consumo (a baixo custo e com qualidade) indispensáveis ao sustento da população.